INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é procurar conhecer como se dá o processo de abstração em Tomás de Aquino. Para isso, usaremos o texto da Suma de Teologia de são Tomás, especificamente as questões 84 e 85. Usaremos também como fio condutor o artigo de Raul Landim Filho, A Questão do Universal Segundo Tomás de Aquino especificamente o terceiro parágrafo da página 416, onde o autor discorre sobre os modos de abstração em Tomás de Aquino. Veremos se tal posicionamento se sustenta diante da leitura dos textos da Suma de Teologia.
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Tomás de Aquino |
O PROCESSO DE ABSTRAÇÃO
Para melhor compreender o processo de abstração em são Tomás, logo no artigo 1 (um) da questão 84, se põe a questão se a alma conhece os corpos pelo intelecto. O ato de conhecer os corpos pelo intelecto seria denominado abstração.
Em primeiro lugar devemos proceder algumas distinções, a saber, que a forma está em cada sensível de modo diverso, e este modo é a intensidade, e que a forma sensível está na coisa que está fora da alma de modo diverso de como está no sentido, ou seja, esta afirmação diz em primeiro lugar que existe uma forma sensível, em segundo, que esta forma sensível está em alguma coisa, ou seja, em algum ente (sendo) que está fora da alma. Terceiro, este ente é sensível. Quarto, o modo de como a forma sensível está na coisa é diferente de como esta forma sensível está nos sentidos.
Compreendidas estas distinções, podemos prosseguir:
Porque Tomás distingue entre forma sensível na coisa e forma sensível na alma? A resposta é dada no fato de que os sentidos recebem as formas sensíveis, mas sem a matéria.
A partir disso temos em primeiro lugar uma forma sensível que está na coisa fora da alma, e esta forma está unida a matéria. Depois temos esta mesma forma sensível como é captada pelos sentidos, mas a partir do momento em que ela é captada pelos sentidos ela já é captada apenas como forma sensível sem a matéria.
O intelecto por sua vez que é imaterial, recebe não mais as formas sensíveis, que pertencem aos sentidos e são dotadas de quantidade, mas as formas que são imateriais e neste caso imutáveis. Tomás de Aquino usa o axioma: “o recebido está no recipiente ao modo do recipiente” para explicar que a forma sensível (o recebido) é recebida no recipiente (os sentidos) ao modo do recipiente, ou seja, se o recipiente é sensível, a forma sensível será recebida sensívelmente. Até aqui já sabemos que o intelecto conhece o que é da característica intelectual, ou seja, a imaterialidade e a imutabilidade, mas se ele conhece os corpos, certamente ele não os conhece de forma material e mutável, concordado isso, como o intelecto recebe estas formas? Em outras palavras, como poderíamos conhecer as coisas sensíveis por coisas que não tem a ver com o ser (de ordem material) delas, ou seja, o intelecto. Como conhecer o material pelo que não tem a ver com o material?
Aplicando o axioma ao intelecto, podemos dizer que qualquer coisa que cair ao intelecto só pode ser recebida ao modo deste, ou seja, o intelecto que é imaterial e imutável só receberá as espécies (ou formas) de modo imaterial e imutável. Logo, nada sensível pode ser captado pelo intelecto. Desse modo, para Tomás, a alma conhece os corpos pelo intelecto com o conhecimento imaterial, universal e necessário.
Tomás sintetiza toda esta explicação na seguinte proposição: “assim como o sentido conhece apenas o corporal, igualmente o intelecto conhece apenas o imaterial” (q. 84,1, resp ao 2º.).
No artigo segundo, ao colocar a questão se a alma, por sua essência, conhece o que é corporal, Tomás entra definitivamente no processo de abstração ao afirmar que o que é material, ao ser conhecido, existe naquele que conhece de forma imaterial. Mas como isto se dá? Certamente por abstração dos universais dos particulares. Mas para são Tomás chegar nessa conclusão existe um caminho percorrido que explicita o porquê desta conclusão.
Nós conhecemos o que está fora de nós. Mas o que está fora de nós é material, como pois conhecer o que é material imaterialmente, já que se nós recebessemos a forma somente materialmente não teríamos nisso nenhuma cognoscibilidade? A matéria não deveria ser excluída? Nas palavras de Landim: (p.416) “será possível não excluir a matéria, se o conhecimento começa desde o seu início sensível com a produção... de algo não físico?” Para explicar isto Tomás nos apresenta o seguinte axioma: “quanto mais imaterialmente, porém, algo tem a forma da coisa conhecida, tanto mais perfeitamente conhece” (Q.84, a1, resp). Isso significa dizer que o conhecimento perfeito é o imaterial, ou seja, o inteligível. Dessa forma, o intelecto que é inteligível, conhece mais perfeitamente que os sentidos que apesar de conhecerem as coisas materiais sem a materialidade, as recebem com condições materiais.
No caso dos intelectos, o mais perfeito será aquele que possui menos materialidade. São Tomás nos diz que nem a alma humana, e nem os anjos inteligem por sua essência tudo, pois seus intelectos estão em corpos materiais ou determinados, pois são seres criados, de certo modo por alguma espécie. Somente Deus em sua essência é imaterial e não determinado, pois é criador, dessa feita, conhece por sua essência tudo imaterialmente, pois possui em si todas as coisas de forma imaterial, pois ele é o principio universal de todas as coisas.
Colocado o problema dessa forma, no âmbito das espécies, o artigo 3 levanta o problema de como a alma intelige as coisas. Intelige por espécies introduzidas nela naturalmente? Mas o que são espécies naturais?
A posição da tradição platônica diz que a alma por ser criada inteligível sob espécies (formas) inteligíveis, logo, inteligiria o que é corporal por espécies inteligíveis nela naturalmente introduzidas por Deus. Nesse caso não há abstração, mas rememoração das idéias.
Tomás começa refutando esse posicionamento com a exposição do processo de potência e ato. O intelecto, que a alma se vale para conhecer, pode estar tanto em potência quanto em ato para conhecer, quando está em potência ele está passivo de recepção para as espécies ou formas. O conhecimento em ato não pode ser adquirido somente pelas idéias, pois o que é conhecido naturalmente pelas espécies inteligíveis não poderia ser esquecido, já que o todo é maior que a sua parte, ou seja, se eu tenho o conhecimento das espécies inteligíveis que são o todo, esse conhecimento não poderia ser impedido pela sua parte que lhe é inferior, ou seja, os seus sentidos.
A posição platônica é ainda refutada ao se mostrar que sem determinado sentido não se pode conhecer o que é apreendido por este sentido, neste caso, são Tomás se vale do exemplo das cores, onde sem o sentido da visão, não teríamos o respectivo conhecimento que este sentido proporciona ter que é o das cores. Posição posteriormente retomada por Hume parcialmente.
Se assim se concebe, não podemos conhecer por espécies inteligíveis inseridas naturalmente na alma.
Mas mesmo assim, ainda há o problema se estas espécies, mesmo não estando inseridas naturalmente na alma, podem estar fora da alma que está na matéria, ou seja, estas espécies podem estar em formas separadas de corpos.
O platonismo advoga que as coisas são subsistentes por si sem matéria, e o conhecimento também se daria por participação na idéia da qual coisa sensível que buscamos conhecer participa. O conhecimento por participação se baseia na semelhança que a própria idéia tem em quem está dela participando. Nesse caso, as espécies inteligíveis em nosso intelecto seriam certas semelhanças das idéias, e dessas idéias promanariam ao nosso intelecto.
Esse posicionamento é contra a noção de que as formas das coisas sensíveis subsistem sem as matérias. O posicionamento que advoga a forma separada da matéria é o de Avicena que concebe intelectos separados que conteriam em si as idéias.
Avicena e Platão concordam que as espécies inteligíveis de nosso intelecto advém de formas separadas, mas quanto a sua natureza, Platão advoga que as primeiras subsistem por si, enquanto Avicena diz que elas estão na inteligência agente.
Tomás começa a rechaçar a opinião de Avicena, porque se seguirmos a concepção deste último, não teria razão de ser a união da alma ao corpo, já que se a alma não recebesse as espécies inteligíveis dos sentidos, ele não precisaria do corpo para inteligir. Nesse caso, o corpo seria inútil.
O posicionamento de Avicena, que propõe que os sentidos são necessários à alma para despertá-la para o intelecto agente não tem sentido de ser, pois se a natureza da alma é a de inteligir por espécies provindas do intelecto agente, logo ela poderia se voltar para o intelecto agente sem os sentidos. E ainda mesmo se valer de qualquer sentido para receber uma informação sensível, nesse caso, um cego de nascença poderia por qualquer outro sentido receber informação sobre as cores, o que pela experiência se mostra falso. Fica assim provado que as espécies inteligíveis pelas quais a nossa alma intelige não advém de formas separadas.
Existe um princípio inteligível por essência que é Deus, logo, todas as espécies inteligíveis estão reduzidas a Deus, no entanto, para Tomás, estas espécies procedem de Deus pela mediação das formas das coisas sensíveis e materiais, e destas formas materiais recolheríamos esta ciência.
No artigo seguinte é aventada a hipótese da alma intelectiva conhecer as coisas materiais nas razões eternas. Estas razões eternas seriam a vida por si e as razões por si. Tomás neste ponto se vale da autoridade de Agostinho para sustentar que as razões de todas as criaturas ao invés de existirem em razões eternas independentes existem sim, mas em Deus.
A alma no estado presente não vê tudo nas razões eternas, mas verá no estado de beatitude, quando contemplar a Deus que tem em si as razões eternas. Isso porque a alma humana pode conhecer tudo por participação nas razões eternas, no entanto, no estado presente, pela necessidade de se ter ciência das coisas matérias, é pelo fato de que no estado presente temos a relação com a materialidade dos entes, recebemos as espécies inteligíveis pelas coisas materiais. Se tivéssemos idéias apenas nas razões eternas nós não poderíamos construir uma ciência da natureza, uma física.
Desse modo fica entendido que as idéias existem: na mente divina, existem nas coisas e existem no intelecto angélico e no humano.
Quanto ao modo de recepção, o artigo 6 trata pela primeira vez, especificamente sobre o modo de conhecer a partir dos sensíveis, ou seja, por abstração.
Tomás de Aquino, após expor a concepção de Demócrito que pensou que o conhecimento se dá a partir dos objetos através de imagens e emanações vindas destes objetos, e a oposta de Platão que advoga que por ser o intelecto uma capacidade imaterial não se utiliza do órgão corporal no ato de inteligir, logo conhece por participação nas formas inteligíveis separadas, propõe a concepção intermediária sustentada por Aristóteles, que concebe o intelecto diferindo do sentido. A alma tem a sensação juntamente com o corpo. Aristóteles concorda com Demócrito que as operações da parte sensitiva são causadas pela impressão dos sensíveis nos sentidos, no entanto, elas são causadas não por emanação, mas por uma espécie de operação.
Esta operação não é a do intelecto que não se comunica com o corpo, pois nada de corpóreo pode imprimir-se numa coisa incorpórea, nesse caso, para se ter uma operação intelectual não é suficiente a impressão dos corpos sensíveis. Aqui é necessário uma mediação para se passar da operação da impressão dos sensíveis nos sentidos para a operação do intelecto que conhece apenas os inteligíveis. Mas como isso pode se dá, se até agora temos apenas os sensíveis? Como são esses sensíveis?
Esse intemediário é o intelecto agente, que no processo de abstração torna inteligíveis as imagens recebidas dos sentidos. O intelecto agente proporciona que se conheça de maneira imutável a verdade nas coisas mutáveis. Mas no processo de conhecimento é necessário que tenhamos um intelecto possível que esteja em potência para poder receber a ação de algum ente em ato, já que este ente em ato que é o intelecto agente, por não poder se voltar diretamente para estas imagens, ele é atualiza as imagens que estão no intelecto possível que recebe as fantasias, depois disso o intelecto agente toma estas fantasias e torna-as inteligíveis em ato.
Há uma operação da alma que divide e compõe para formar todas as imagens das coisas, mesmo as que não foram recebidas pelos sentidos. Mas como veremos esta operação não é uma abstração, mas muito se assemelha ao primeiro modo de abstração que será visto na questão 85, artigo um.
O intelecto intelige por meio das fantasias. A fantasia é a imagem do sensível captada pela alma, e formada nesta a partir dos sensíveis. Isto porque o intelecto não pode captar os sensíveis, mas somente as suas imagens, que é o que é chamado por são Tomás de phantasmas.
Pelo fato do intelecto humano, no presente estado, está unido ao corpo passivo, ou seja, que recebe paixões, só pode inteligir em ato e voltando-se para as imagens formadas na alma.
No processo de intelecção, o objeto próprio do intelecto humano, que é unido ao corpo é a qüididade ou natureza existente na matéria corporal, e é dessa natureza das coisas visíveis que o intelecto humano ascende a algum conhecimento das coisas invisíveis, nesse caso, a natureza de qualquer coisa material não pode ser conhecida completa e verdadeiramente a não ser na medida em que é conhecida como existente no particular, ou seja, numa específica qüididade.
O particular então é apreendido pelo sentido e pela imaginação, neste caso, o intelecto deve se voltar para as imagens adquiridas pela alma que se vale dos sentidos e da imaginação. É dessas imagens que o intelecto observa a natureza universal existente no particular.
No caso do conhecimento das coisas incorpóreas, são Tomás nos afirma que no estado de vida presente só podemos conhecer tais coisas por remoção ou comparação com o que é corporal.
No artigo oito são Tomás nos mostra que o juízo feito pelo intelecto é impedido sim, de alguma forma ou completamente, pelos sentidos. Isto se dá porque tudo o que inteligimos no presente estado vivencial é conhecido por nós em comparação com as coisas sensíveis naturais, e sendo assim, não pode haver juízo perfeito da ciência natural a respeito das coisas naturais, se o sensível for ignorado.
Mesmo o intelecto sendo superior aos sentidos ele recebe seus objetos primeiros e principais de algum modo do sentido, sendo assim o juízo do intelecto pode ser impedido quando os sentidos estão bloqueados para receber impressões e atuar sobre elas.
O artigo 1 da questão 85 explicita melhor como o intelecto intelige, ou seja, pensa, as coisas materiais e corpóreas por abstração das imagens.
Para melhor entender como isso se dá, devemos saber que para são Tomás existem três graus de capacidade cognoscitiva.
O primeiro é o modo de conhecimento que se dá por meio do ato dos órgãos corporais, do sentido, e o objeto de seu conhecimento é a forma que está na matéria corporal. A capacidade de conhecer referente aos sentidos, chamada potência da parte sensitiva, é cognoscitiva, ou seja, conhece apenas os particulares, devido conhecer apenas a matéria, e a matéria é princípio de individuação, ou seja, daquilo que faz algo ser singular.
O segundo grau é o que tem como objeto a forma sem a matéria. Tanto o primeiro quanto este grau de cognoscibilidade são reportados ao modo de conhecer dos seres humanos. Esse segundo grau se explica pelo fato de a alma humana ser forma do corpo, e nesse caso ela conhece a forma existente na matéria corporal não como no primeiro grau, onde se conhece a forma na medida em que esta está na matéria, mas a partir da forma conhecida pelo sentido, o intelecto toma esta forma e a abstrai. Nesse caso, o intelecto humano abstrai o material e corporal não diretamente da matéria, mas a partir das imagens obtidas pelo sentido. É desta forma que o homem conhece alguma coisa imaterial, e se for o caso pode se elevar às realidades puramente imateriais.
O terceiro grau se refere ao conhecimento dos anjos, mas este grau não pertence ao processo de abstração por isso não será analisado por nós.
Diante do que foi dito, Tomás chega à conclusão de que existem duas formas de abstração. 1º. A modo de composição e divisão. 2º. A modo de consideração simples e absoluta.
No primeiro modo são Tomás nos diz que acontece quando inteligimos algo que não está em outro, nesse caso temos a composição, ou é separado dele, ou seja, a modo de divisão. Vejamos que nesse caso não temos uma operação da alma da composição e divisão, mas apenas uma forma de se considerar o que inteligimos por composição ou divisão.
O segundo caso acontece quando inteligimos apenas um, nada considerando sobre o outro. Nesse caso, já que só se conhece uma coisa sem compará-la com outra seja compondo-a ou dividindo-a temos um conhecimento simples e absoluto.
Esses dois modos de abstração são considerados por alguns autores, no nosso caso Landim, como abstração precisiva (no primeiro modo) e não-precisiva (no segundo modo), apesar de Tomás de Aquino nada falar sobre isso. Mas porque Landim chama estas duas formas de abstração assim?
Para Landim, a abstração precisiva exclui o princípio de individuação, a matéria que singulariza a forma, mas será que as coisas são assim mesmo?
São Tomás usa o exemplo da cor no corpo colorido, no caso a fruta, para mostrar que no primeiro caso de abstração, ao dizer que a cor não está no corpo colorido ou separada dele, o autor de tal afirmação erra quando ao compor e dividir a cor da coisa colorida em sua singularidade separa uma da outra dizendo que a cor não está na matéria. Da mesma maneira, o intelecto seria falso se abstraísse a espécie do ente material singular, de tal modo que não inteligisse que ela não é na matéria como acontece no caso do platonismo. Portanto, a falsidade acontece quando no primeiro modo de abstração, quando abstraímos a espécie da matéria, ao ponto de sermos levados a afirmar que a espécie subsiste separada da matéria, pois a espécie da coisa natural não é apenas a forma como diriam os platônicos. Na verdade, aqui não existe nada dizendo que a matéria está excluída, mas simplesmente que neste modo de abstração somos levados a concluir que a espécie subsiste separada da matéria, mas no processo de abstração em si, a matéria não está excluída.
Para Landim, o segundo modo de abstração é o da abstração não-precisiva, que consistiria em não excluir o principio individuante. Já sabemos que em nenhum dos casos, o principio individuante, ou singular está excluído, no primeiro caso ele é considerado como separado da matéria. E no segundo caso?
O segundo modo de abstração é o correto porque, assim como a cor da coisa material, a fruta, pode ser considerada em si mesma, sem considerar a fruta em si, a espécie das coisas materiais pode ser considerada sem os princípios individuais que por sua vez não pertencem à noção de espécie. É aqui que se abstrai o universal do particular, ou seja, a espécie (universal) das fantasias (formas dos entes particulares adquiridas pelos sentidos), pois o inteligido está no que intelige imaterialmente, ao modo do intelecto, ou seja, da espécie inteligível, e não na forma material, ao modo de fantasias. Realmente, aqui o principio individuante não é excluído, entretanto, estes princípios individuantes não se referem a matéria em si, mas as fantasias dos singulares.
Outra questão se refere a se a matéria é parte da espécie. Nesse caso, entramos no problema sobre a abstração da matéria.
Para melhor se considerar o problema, devemos entender que para Tomás existem duas maneiras de se considerar a matéria. 1ª. Comum. 2ª. Designada ou individual. A matéria comum seria, por exemplo, a carne e o osso, e a individual esta(s) carne(s) e este(s) osso(s).
A abstração é feita a partir da matéria sensível individual, mas não da matéria sensível comum, isto porque a espécie só é abstraída do ente humano particular sensível (dotado de carnes e ossos singulares) e não das carnes e dos ossos que seriam referentes a outras espécies de animais, e não somente aos seres humanos, isto é, ter carnes e ossos não implica pertencer à espécie humana, mas abstrair das carnes e ossos particulares de um ente humano leva sim a conhecer a espécie humana a partir da matéria singular e não da comum.